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Os Rios como Patrimônio Cultural

As águas, por sua importância, são consideradas pela Unesco Patrimônio da Humanidade e assim protegidas por leis ambientais. Porém, como patrimônio comum da humanidade, o ser humano é carente de ações que fortaleçam o caráter cultural das águas. Esse caráter cultural se reflete no reconhecimento, por convenção, do pertencimento comum a todos os seres humanos, ou seja, as águas, e mais especificamente aqui, os rios, não deveriam ser exploradas por ninguém em benefício próprio.

Nas falas dos mestres da tradição oral vemos como esse assunto é caro aos moradores de uma região banhada pelas águas, tanto, que seu nome original era "Ypuca". Os rios, muito além de fornecerem alimento e lazer, dão sentido ao comportamento humano. Entretanto, como bem lembrado por seu Marquinhos, estão sujeitos à ação degradante do próprio ser que usufrui de suas águas.

Os rios da região, se não o são atualmente, já foram quase todos navegáveis e responsáveis por transportar tanto a madeira proveniente do desmatamento das florestas em épocas coloniais quanto aos produtos que fomentavam a economia local (lembrando que Aldeia Velha já foi o maior entreposto comercial da região, em duas ou três épocas distintas).

 

Presente na bacia do rio São João, Aldeia Velha possui várias nascentes que compõem um cenário de águas onde dois rios figuram como principais: o Quartéis e o Aldeia Velha. Quer dizer, isso segundo o IBGE, em sua Carta Topográfica de Quartéis (1985), documento mais recente que encontramos e que faz referência aos rios que banham a região.

Parece que a polêmica é antiga. Ao longo dos anos, desde sua fundação, Aldeia Velha (e as antigas Aldeias de Ipuca e da Sacra Família de Ipuca) convive com a polêmica da nomenclatura “verdadeira” dos rios que banham a vila. O rio Aldeia Velha é a divisa política entre os municípios de Silva Jardim e Casimiro de Abreu e, portanto, fonte das mais diversas opiniões sobre sua localidade: uns dizem que é o da "esquerda", outros, o da "direita", a depender de sua visão sobre a qual município o local deveria pertencer. No primeiro mapa pesquisado, de 1730, aparece, por exemplo, um rio com o nome “Ipuca” o qual, em 1767, foi grafado com o nome “rio d’Aldeia Velha”.

 

Nossa busca por mapas antigos da região nos levou a 1730, onde o rio Ipuca figurava no Mappa Chorographico da Capitania do Rio de Janeiro, de Domingos Capazzi. Depois deste, alguns outros materiais de referência foram encontrados e estão sendo catalogados para estudo da área em questão. Dentre os principais assuntos pesquisados está a nomenclatura dos rios. Daremos notícias em breve! Enquanto isso, veja aqui o que os mestres da tradição oral têm a dizer sobre o assunto.

 

Abaixo, alguns mapas e cartas topográficas encontrados e as menções às Aldeias, rios e outras localidades de interesse. 

Mappa Chorographico da Capitania do Rio de Janeiro, de Domingos Capazzi (1730), mostrando o rio Ipuca.

Rio Ipuca - Mappa Chorographico da Capitania do Rio de Janeiro, de Domingos Capazzi (1730).

Cartas Topograficas da Capitania do Rio de Janeiro, de Manuel Vieira Leão (1767), mostrando Aldeia da Ipuca, Aldeia Velha e rio d'Aldeia Velha.
Cartas Topograficas da Capitania do Rio de Janeiro, de Manuel Vieira Leão (1767), mostrando o rio d'Aldeia Velha e o rio São João

Aldeia da Ipuca, Aldeia Velha e rio d'Aldeia Velha - Cartas Topograficas da Capitania do Rio de Janeiro, de Manuel Vieira Leão (1767).

Planta da Provincia do Rio de Janeiro (1830), mostrando Aldeia da Ipuca, Aldeia Velha, rio Ipuca e rio d'Aldeia Velha.

Aldeia da Ipuca, Aldeia Velha, rio Ipuca e rio d'Aldeia Velha - Planta da Provincia do Rio de Janeiro (1830).

Ipuca e rio d'Aldeia - Carta Corographica da Provincia do Rio de Janeiro, de Pedro Taulois (1839).

Carta Corographica da Provincia do Rio de Janeiro, de Pedro Taulois (1839), mostrando Ipuca e rio d'Aldeia.
Nova Carta Corographica da Provincia do Rio de Janeiro, de Eduardo Reinsburg (1865), mostrando Aldeia Velha.

Aldeia Velha - Nova Carta Corographica da Provincia do Rio de Janeiro, de Eduardo Reinsburg (1865).

Aldeia Velha - Estado do Rio de Janeiro, de Laemmert (1892).

Mapa do Aldeia Velha - Estado do Rio de Janeiro, de Laemmert (1892), mostrando Aldeia Velha.
Carta Topográfica de Quarteis, IBGE (1985), mostrando Aldeia Velha, rio Quartéis e rio da Aldeia Velha.

Aldeia Velha, rio Quartéis e rio da Aldeia Velha - Carta Topográfica de Quarteis, IBGE (1985).

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